sábado, 1 de janeiro de 2011

Conversa

foi então que descobri. chegando enfim ao passado, depois de tantas tontas tentativas, só me esperava lá o que era sólido. só o que de fato era fato, e me assustei com o tão pouco. daí a descoberta: o que era bom era o que estava fora do contorno dos fatos, o que se iludia, o que era gasoso. os mil sonhos plenos da certeza de que viriam em outros verões como aquele (ah, sim: esse dia a que voltei ficava num verão). isso é que faz a memória vibrar feito brilho de água. isso é que preenche o dia presente - o gás em torno dos fatos tão poucos. isso é que dará em outras saudades, que venham.

só o que tenho perdi
o que anseio permanece por aí
 

Em 31 de dezembro de 2010 10:09, Regina Pombo escreveu:

E se eu olhar sua foto bem de fundo
assim
hei de te enxergar brotada na minha aorta
cravejada no peito
e se eu esboçar minha saudade
hei de ouvir seu sussurro ali no
meu córtex , ali onde o silêncio
ecoa
e quieta assim num
canto espalmo a mão no
ouvido
até perceber a vibração
que brilha como água
só da sua lembrança
pálida
seu som
se triste eu ficar assim de tanta
saudade eu hei de ouvir sua
voz aqui dentro
quieta muda
aqui no delírio da minha
loucura
precipício de tudo que me
compõe
aqui onde seu sopro ainda brilha
E se eu olhar sua foto bem de fundo
assim...
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